Comércio de portas abertas para o Dia dos Namorados

Neste domingo, o comércio de Santa Maria abrirá as lojas no embalo do romantismo do Dia dos Namorados, que é comemorado no próximo dia 12. A data, ainda que não seja a mais lucrativa do comércio local é, aos olhos do empresariado, atrativa. O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Jacques Eskenazi, avalia que a data movimenta, basicamente, segmentos como os restaurantes, floriculturas, lojas de vestuário e de bijuterias.

E para o próximo mês, a CDL e o Sindilojas darão início ao Projeto Soma, iniciativa que visa abrir o comércio um domingo por mês e irá incluir as lojas de rua da área central da cidade. Os detalhes e as datas do calendário do projeto são mantidas, por enquanto, em segredo por Jacques Eskenazi. Nos próximos dias, as datas serão conhecidas.

A abertura do comércio aos domingos, uma vez por mês, é uma iniciativa de se reverter o momento de retração que a economia atravessa. Com empresários menos otimistas e com os investimentos encolhendo, a saída é buscar alternativas. E é nisso que a CDL e a Sindilojas apostam.   

_ O consumidor tem que continuar comprando e o empresário investindo porque quando há um freio no investimento, então, temos uma retração na compra. E o dinheiro circulando, mesmo em um cenário de dificuldades, acaba por movimentar a economia.

Jacques Eskenazi avalia que, contudo, Santa Maria ainda sente menos os impactos da crise porque, aqui, não há tantas dificuldades enfrentadas como, por exemplo, em cidades industrializadas como Caxias do Sul e Porto Alegre. Com o comércio aberto, um domingo por mês, a ideia é consolidar Santa Maria como cidade polo do comércio local em um espectro de 39 municípios da Região Central.

Benefícios ao consumidor e ao lojista

Alexandre Reis, professor de Economia da Unifra e coordenador da Clínica de Finanças da própria instituição, avalia que em um contexto de recuo do consumo das famílias a iniciativa é uma forma de dar enfrentamento ao momento de crise:

_ O positivo dessa medida é a questão de liberdade de o comércio abrir. Obviamente, que se observando as questões trabalhistas. Mas há, claro, a questão do custo de se abrir mais um dia (no domingo): o empresário tem custo com luz, água, telefonia e internet. Mas o ganho é da sociedade: quanto mais opções de abertura maior o ganho pela sociedade.  

Pontos de vista divergentes

A abertura do comércio a cada um domingo por mês é vista como uma medida pífia e de pouco resultado. Esse é o entendimento do comerciante Alexandre Domingues, 36, e que há dois anos tem uma loja de bijuteria no Centro da cidade. Para ele, o comércio na cidade deveria abrir todos os dias:

_ O Sindilojas e a CDL acostumaram as pessoas da cidade com o comércio fechado aos domingos. Abrir um domingo por mês não tem efeito algum, é ineficaz. O ideal seria o comércio aberto durante os sete dias da semana. Isso, sim, aumentaria o faturamento. Se a pessoa trabalha no domingo, ela sabe que vai ganhar a mais. Hoje, o mercado do comércio é preguiçoso e indisciplinado.

Ele acrescente que não irá aderir à campanha da CDL e do Sindilojas. E assegura que ele abre apenas no domingo de véspera do Natal. A empresa dele, que também tem mão de obra familiar, conta com oito funcionários.

Porém, o empresário Alexandre Lima, 43 anos, a iniciativa das entidades é válida para estimular o começo de uma mudança de mentalidade. Com 41 anos de mercado, a empresa de autopeças e acessórios da família está abrindo aos domingos desde março:

_ Durante todos os domingos abertos, tivemos clientes na loja e realizamos vendas.

Ao contrário dos supermercados que são impedidos de usar mão de obra de funcionários aos domingos, por meio de uma convenção, as lojas têm liberdade para utilizar empregados neste dia, desde que seja respeitada a  folga semanal.